Pe(gadas)
Amanhã, que não existe ainda, vai certamente ver as mesmas pegadas de hoje, as que premi ao de leve no chão para não acordar a terra. Fico atento aos longos pensamentos que vou urdindo e, depois, solto à desgarrada para que amanhecam onde quiserem ser aurora. Só assim me encontrarei, amanhã, que não existo ainda.
Trato como um filho hoje o amanhã, que não existe ainda, adormece contra o meu peito enquanto afago no lugar vazio o rosto que surgirá amanhã.
Acho que nunca nos cruzamos, no momento em que nasce o amanhã e a face começa a florir como um pequeno espectro curvado pelo horizonte, já eu sou apenas mão, dedos que se esvaecem enquanto o hoje não é ainda totalmente amanhã e ontem se apressa a crescer de dentro de mim para fora até se fazer hoje.
Não,
não acredito no tempo,
apenas no infinito
que se apressa do falado ao dito
para me entrar em forma de amor
peito adentro.
Trato como um filho hoje o amanhã, que não existe ainda, adormece contra o meu peito enquanto afago no lugar vazio o rosto que surgirá amanhã.
Acho que nunca nos cruzamos, no momento em que nasce o amanhã e a face começa a florir como um pequeno espectro curvado pelo horizonte, já eu sou apenas mão, dedos que se esvaecem enquanto o hoje não é ainda totalmente amanhã e ontem se apressa a crescer de dentro de mim para fora até se fazer hoje.
Não,
não acredito no tempo,
apenas no infinito
que se apressa do falado ao dito
para me entrar em forma de amor
peito adentro.
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