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A mostrar mensagens de fevereiro, 2014

Cedros

Traz-me no regresso, se não te esqueceres, meia parte da lua ou um quarto de sol. Caso sobre troco, vê-me se chega para duas ou três estrelas. Se não houver nada, dá-me apenas um abraço quando estiver a chover e nós nos tentarmos abrigar debaixo de um cedro. Se não existirem cedros, porque deram lugar a urbes, anda comigo de mão dada nas ruas calcetadas, saudamos por quem nós passe, e recordaremos que nesta vida o silêncio quando é substituído pelo olhar fundo no reflexo dos sonhos nos teus olhos vale, de facto, ouro.

Arrebatamento

Arrabalde-se a vida aos encontrões, vá lá, mas que nos deixem saborear o fim do dia com a leveza da leitura, a companhia que nos acompanha ou a quem acompanhamos, sem filosofias ou orações repletas de Avé-Marias, meditar no que somos, a procura do gotejar no silêncio da noite, razar a luz e ser ferido de raspão pelo que nos atiram aos olhos quando distraídos deixamos entrar na roda alimentar o rectângulo quadrado. Sejamos prece, de nós a nós, até escutarmos, no desconhecido infinitesimal, um amo-te que nos beija a face e vela pelo sono do corpo, levando-nos pela mão esta eterna criança que é a velha alma que somos. Ámen.

Pink floyd

A noite calou-se. O que lhe terá dito o dia? Sobra assim tempo e oportunidade para a Lua, alva e roliça, senhora do seu nariz, se o tivesse, se adiantar à rotação e translaccionar-se de forma a exibir os seus segredos e recantos a nós, que só lhe conhecemos uma face. À Lua, como às pessoas.
É por viver que acredito, por entre as horas que nos espremem, manobrando sem vela uma barcaça que vagueia por entre ondas de astuticidade, há mais no adormecido que propriamente no que pensa estar acordado.

A(mo)r

Vejo o mundo pelos teus olhos semi cerrados, talvez por isso todas as manhãs me saibam a orvalho, que só se dissipa quando depois desta manhã de nevoeiro, surge a tarde de solheiro em forma de sorriso nesses teus lábios cor de arco íris.

Mif

O espelho de água. Nada se procura quando não se deseja encontrar. Ter geladas as mãos. Entre tudo o que arde, Molhar o corpo na multidão. Findar o início de um término Iniciando um movimento, molhado. Multiplicando de mim o eu que não termina.

(nada)mos

O borbulhar da voz ecoando sob a superfície da vida é a prova que, ainda, não tiramos a cabeça debaixo do oceano de desconhecimento e vulgaridade em que nada(mos).

Tem(po)

Impera silêncio, por entre a chuva chove frio gelado e promessas de um tempo melhor, o tempo não as promessas que, valha-nos Deus, essas querem-se no silêncio quando este se destrona.