Ainda não deitado e encontro, já, a tua silhueta que teima em chamar-me para o sonho.
Vou esgrimindo palavras, tratando dos ferimentos usuais destas batalhas imaginárias com palavras, até banais, de quem se esquece lutador, mas não, tu chamas-me para o sonho.
Abro as cartas, espalho a correspondência que escrevi, enquanto petiz, a mim mesmo, para abrir quando fosse já senhor do meu nariz e antes que me veja incumpridor da minha vida, tu chamas-me para o sonho.
A folha termina, a noite ressona com a inocência do sussurro de uma criança, e porque não duas?, viro a página na tentativa de prolongas a noite até conseguir escrever a madrugada, mas não consigo, tu chamas-me para o sonho.
O candeeiro começa a pender a luz, lentamente, as sombras dos espanta espíritos deslizam na parede, o caderno, aberto no meu peito, começa a fechar-se e a escrever-me em suaves rugosidades de celulose que um dia foi vida. Está na hora inacabada de ir para o sonho, enfim.
Encosto-me a ti, deixo-me uns momentos breves, onde nasce um sorriso e fecho os olhos, apenas para saber que tu és a melhor parte de mim.

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