Acredito que daí, enquanto esburacas o céu nocturno com um dedo e, assim, rasgas e alargas o pequeno buraquito por onde passa a luz do paraíso (ou o que incautos chamam de estrelas), olhes com olhar de criança e vejas a complexidade de pessoas que correm agora mais do que a rotatividade deste astro sem luz, preso a uma órbita em torno de um astro que, irado, queima, como nós, o combustível dos seus dias. Não faz sentido, pois não? Corremos tanto atrás do tempo que ele, ultrajado sentindo-se, se acelera em sentido negativo até percorrer de forma implacável os dias conquistados e outras moratórias que poderíamos colher e nos trazer, não em bandeja, não o merecemos, mas repentinamente o final do dia, despojado, preso ao segundo seguinte, segundo eu, que de tempo conheço apenas uma letra acima de xyz.
 Cobre-se a vida na candura   o branco   e o invisível que perdura,   sagrado   o dia espreguiça-se pela tarde   e é Deus   (de quem tudo tive)   que sussurra:   a vida é o que em nós Vive.  
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