Ao calor,
que me liberta da roupa folgada que teimo vestir,
estou nu,
sem haver que vista ou repare
a minha escrita desnuda,
nos passos trôpegos
no silêncio,
no vazio,
nu, vazio.
Inebriado resisto
ao chamado
às vozes que ninguém ouve,
à prisão em que meu corpo se transforma
e a todos os que as pupilas reflectiram.
As palavras tive-as,
eram esquissos das obras que sonhei fazer,
resistiram dias, creio que meses
ao chamado de um cantar inaudível,
irresponsável até,
que faz de meus braços eu mesmo
e de mim, uma pálida pirâmide
cujos hieróglifos suspiro
por não os saber decifrar.
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