(d)ias

Passo anos a ver os dias passarem. O corrupio e sucessão de voltas e subidas e descidas do Sol e o quanto isso afecta as pessoas assoberba-me. Continuo a ficar encantado e surpreendido com as nuvens, raios de trovão com duração de longos segundos, pequenos rios de chuva com pepitas de granizo, persistentes a boiar na correnteza, caruma e terra solta com saudade de água, fazem subir ao palato aromas de terra, molhada, paciência e persistência que parecem inundar Trás-os-Montes.
Vou lavando a cara com as memórias de paisagens que se fazem correntes. Para mim, um dia duraria um ano. E nesse ano iria percorrer a pé todos os trilhos que pudesse degustar, parar numa berma e sentir o vento quente, fresco, todas as estações à sombra de uma vinha, mil mundos num só bago de uva. E nesse ano, metade dos dias seria noite e aí, por ela dentro, teria em mim as saudades de casa no cintilar das estrelas. Deixar que a nuvem se delicie em sombras pelas nuvens e se deixe ocultar pelas formas cinzentas e azuis que parecem saídas do sonho de um pintor em constante revolução.
Será amanhã outro ano. Espero poder polvilhar as mãos com a poeira que ainda me resta no corpo e esperar, impaciente, pelo retorno dos dias que não se medem.

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