Nunca conversamos a sério.
Quando estou sentado no muro, aquele velho e descolorado pedaço composto por tijolos, alguns já partidos, com musgo verde escuro e seco, que o calor não perdoa, e te vejo passar tu nem olhas. Corres e nada te parece abrandar.
Quanto te vejo a descansar, num muro qualquer, por vezes até junto a mim, sou eu que corro e atropelo a vida, apenas para chegar a locais onde nunca quis estar.
Sei que fechas os olhos, também o faço. Nestes momentos encontramo-nos a meia distância de nada, tu saudoso descansas no meu colo e eu, que te vi nascer, deixo-te correr nos sonhos para sentires que do princípio ao fim és eterno, mesmo sem o saberes.
As pessoas dizem-me "não tenho tempo" e eu sorrio, não o deveria fazer, afinal, os outros não te têm porque existes apenas aqui, fechado, na minha mão.
Nunca conversamos a sério.
Tu sabes que não existo e eu... bem, eu sei que tu não tens amaras para te prender ao meu cais. Não é, tempo?
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