Um dia, a manhã vai nascer sobre uma caneca gasta cheia de um café negro e forte, onde bóiam ainda restos da boroa que lá molhei após ter aberto o pequeno postigo que, orgulhoso, pisca o olho a cada inverno que passa e eu, a cada café, o pão nosso de cada dia.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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