Pela Primavera vem ligeira a vida, renascida, no calor que se esquece quando de novo a chuva se lembrar de ganhar um espaço ao Sol. Poucos os retratos onde ondulam searas, com um par de mãos dadas, rumo ao inexistente infinito. De que nos querem convencer, de quê?, estes galhos secos que tentam roubar todos os retratos de quem se preocupa em ser apenas um negativo que faz do mundo, mundo? É no dia a dia, sem paz ou alegria, que nos apertam o cerco, que nos incitam a voar sem sair de dentro desta gaiola.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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