Que lamento
o meu
de mil anos não trazer numa só vida,
para, por meu próprio pé, ser caminho dentro da própria estrada,
ser vento ascendente
que eleva uma águia planada,
o calor nas gretas de uns lábios descolorados,
o frio que se torna amigo do fogo que adormece a lareira,
ser pelourinho móvel de um fio de água,
estar onde nunca chegarei,
sem eira, nem beira.
Concede-me a vida, ou deus,
golfadas de idade que transformo em manhã,
sem recordar os passeios noutras pernas
cada um a cor única de minhas cãs.

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