Ouvir a chuva é ler urzes, enquanto os olhos não se habituam à claridade do fumo que uns tojos secos tentam içar, enquanto o pão há muito desceu pelo corpo e a água ardente arde, languidamente, enquanto viro a página de mais um dia.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários