Choveu, como quem se espreguiça, fazem-me falta os trovões, o imponente barulho murmurado da Natureza, como quem se senta no colo da vida e espera, três, dois, um, outro trovão. Nada de relâmpagos, as nuvens que se afoitam e se iluminam para ver saltar a faiscada fugiram e eu, sentado no colo da vida, encosto-me a ela, fecho os olhos e espreguiço-me, como quem se choveu.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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Abraço do Zé