Cerrado,
o dia vai fustigando impérios enquanto as cores do mundo,
esvoaçando,
se estatelam
e esbranquiçam
o basalto nascido do fogo
e gelo
que me liberta quando morre.

Arrulham os ventos num facho
braços que se abraçam
fêmea e macho
na guerra de homens ao mar
há os que calam e os mudos
cujo silêncio é áureo
e lar.

Cobrisse-me retalho
o frio, que me rodeia,
é feito de ausência e tinta que adormece no papel,
é talhado cru e emerdado
sobrinho de Caim
irmão de Abel.

A língua que se cala
galgou milhas e madrugadas,
é urze em foice alheia,
é ilha de pangeia,
o horizonte que me abala
anda com a vida de mãos dadas.

Foste solo antes de chão
água salgada, aluvião,
na caneta que me adormece
escorrem as palavras de um almocreve
nos séculos de uma página
deposito, sem glória,
em forma de grito ou vitória
o soluço de uma lágrima.

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