Era capaz de saltar de uma assentada de continente em continente, talvez aproveitasse a boleia de uma asquerosa gaivota, para poder galgar o mundo como se escrevesse uma flor, pétala em pétala, sem saber que é da terra o vidro por onde vejo a cascata de horas que escorrem pelas falésias de uma vida.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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