Gastei já todos os sonhos que me venderam,
olhei os dias e as noites
guardei ancinhos e foices,
soltei o Sol e lacei a Lua
até as sombras que saem à rua,
porque são minhas as lareiras
de todos os mundos
os que me perderam,
vão à bolina as canções
atadas a velhos ferrugentos batelões,
mar calmo e raso é chão
nuvem negra
aluvião,
que se perdem as ondas espumadas
quando ao luar se atiram à areia
que foi um dia meu pão.

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