Tive o tempo como aliado, nas infinitas tarde ao relento, quando me brindava a idade com ternos e suculentos pomares de brincadeiras. Hoje caminha-se para o que não se sabe escrever, ladeia-se o mundo com taipais e erguem-se perpendiculares muralhas que impedem a obtusidade de se exprimir. Hoje sou o tempo e nele me saliento, para que lentamente se encontre um aliado, porque hoje, apenas hoje, o relento sentou-se a meus pés e começou a brincar desajeitadamente, como se nunca me tivesse visto devanear.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários