A chuva... Ah, a chuva, a bater nas persianas, a deixar-se cair do telhado do alpendre para as poças. Ah, a chuva e todas as memórias... Chover é como viver, só se saboreia depois de se provar.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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