Não sei já onde colocar os agoras, todos os antes que se anunciam a cada amanhecer, todas as eras que se dissolvem em cada espelho, o ser o que foi, galgando os dias como vidas, sem que se viva um dia sequer, apenas porque o tempo, como sempre criança, vai rodopiando como um pião, na palma da minha mão.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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