A vida em 5:46. O tempo em que se vive uma vida. O segundo em que a vida nos pontapeia na boca. O minuto em que parece que tudo nasce à minha volta. A paisagem que muda e eu, mudo, sem escrever, sem claudicar à vontade de ser mais que palavras, apenas e porque me perguntam, a mim, 34 anos de encadernação, o que (ainda) quero ser, quando descobri, há milhentos, que eu sou eu... e vivo bem com isto.
Pessach
“Pessach” Crónica do Nada , no Correio do Porto . O puto abana-se uno com a sineta que trina, o braço cansado pende como um ramo seco de árvore que sonha ser galho, anunciando vem aí o compasso!, a opa alva dança e as nuvens riem-se quando o vento lhe atira o resto da brancura pelas costas acima, embrulhando-se na cabeça. Não se demove, continua a badalar num esforço contínuo apenas vencido pela zelosa missão de, além de adolescente, ver chegar ao fim a madrugada procissão, solitária, a cruz acima e abaixo de caminhos, os verdes ao chão, as flores na mão, de cara fechada, uma madeixa dourada rivaliza com o sino zonzo já de tanta sacudidela firme. O vento desiste soturnamente, as nuvens deixam de joeirar a cena e dispersam num certo tom de desprezo, a opa solta-se e cai harmoniosamente sobre as costas arqueadas, mas não sucumbidas, tudo sem que o sino deixasse de tocar. A solenidade foi-se perdendo, sobra agora uma espécie de desejo que tudo termine e possa seguir viagem, arrancar um...
Comentários
Já a mostrei ao Lucas! :-)
Disse-lhe que era do blog do tio Miguel! :-)
Beijinhos gds*