É incontrolável, surgindo como quem brota de um muro moído pela água e pelo roçar de gado que se faz gente, incontrola-se aos poucos, na certeza do que se faz jamais se disse, porque no olhar, na procura, no vislumbre que o destino aparenta exibir, há sempre um portão a fechar-se, um som de ferro em ferro, ecoando em mim o eco e o som, sem se saber qual deles nasceu primeiro, se o ferro, se o muro.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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