Pendo
Tenho a memória completa
das viagens que não escrevi,
um vagão sonhador
sulcando
o vento que não vivi.
Pendo no sobressalto meus braços
para que agarrados ao vago
possam suster as nuvens
que ainda afago.
Sou da noite
porque não anoiteço
inclino-me à força da esquina
no pó em que me tornei
na pauta que me solfeja
no olhar que vertigina
o sabor do beijo
que te sonhei.
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