Perante a morte alheia

Vejo-te na morte o corpo que sustem a recordação do que os olhos já não vêm. Pairando ainda no vazio que te preenche, soltas um grito que ouve o eco de quem te chora... Se te soubessem nuvem, serias céu e horizonte, ar que se traga pelos ventos passados, na ânsia de um futuro que te chega precoce, a fluidez dos dias nas noites que sucumbiram.
Vejo-te na morte a alma, o sopro indivisível de cabelos que não ondulam, a cadência desmedida de um percurso inadiável, os ombros fortes de suster o mundo, as lágrimas que choram o cegar nublando o sorriso de te saber distante, longe, na esteira de uma estrela cadente.

Comentários

Anónimo disse…
"como se colher-te fosse tirar de mim mesmo a seiva" - uma expressão do amor, muito bonita e sincera. um beijo, miguel. adorei ler-te.
Monilis disse…
Lindo Miguel! Suas palavras me fizeram recordar algumas dores aqui dentro do peito, mas a expressão delas foi tão linda que me fez sorrir, sorrir de verdade!
Anónimo disse…
Adorei Miguel. Parabens bj

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