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A mostrar mensagens de novembro, 2008
Polvilho as sementes do amanhecer, há carinhos que nos nascem pelos olhos e germinam na ausência do anoitecer. Há quadros e mesas e aparas de carácteres no repouso de um guerreiro e na vitória de um aguaceiro, no simples gesto do vulto na face que a outra face ocultou, há lugares de mim mesmo onde vive quem sou...
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Trovoou-me o silêncio no caos tumultuoso de gentes irreais, percorreu-me a calçada e ondulou nos semáforos que o destino teima encarnar. Nos espelhos que me miram e olhos incendiados de quem uma gota tenta sorver, as feições esculpidas na memória ainda antes de se terem por presente eram já passado. Na ponte que une as margens do que sou aqui (e agora) correm as águas que não chovem, mas nascem nuvens no meu céu...