(fotografia de Norberto Valério)

Sobranceira ao meu olhar,
aninho-te no regaço
da saudade que o Sol dissipa,
enquanto voltam a teu ventre cadilhos
e a teus braços, gastos,
filhos.

Perdidos passos percorrem poeira,
restos de memórias vivas
morrem lentamente à sombra do esquecimento
que um falso Sol peneira,
afasta-se o rumo,
a vida,
os cheiros e a tez,
porque já não curte o frio
os frutos
e as mãos
de petiz, que homem se fez.

Dás-me corpo ondulado,
seiva e calor
de teu regaço longínquo
e molhado,
namora-te o estio
a ausência e o pousio,
o vazio que te percorre arde
sem chama,
vivos frios olhares e labutas
guardam jardins de sonhos idos que se encontram
com a calma.

Em ti, a paz
que desejo minha,
a tépida esperança acesa
tem gotas de rio que te beija,
que não te sabendo rainha
ingenuamente murmura:
princesa...

Comentários

Olá meu querido José Miguel, belíssimo poema, ternurento e muito alegra... Adorei, Amigo!
Beijinhos de carinho,
Fernandinha
Silvia Madureira disse…
Olá:

Este poema reflecte a calma e a sabedoria que as pessoas acalentam com o passar dos anos.

Há aqui uma descrição que me faz criar uma imagem...uma pessoa que trabalha no campo com seus braços cansados de mais um dia de trabalho sentada numa cadeira à porta de casa (uma casa acolhedora) e crianças envoltas naqueles braços...num entardecer...

Haverá imagem mais bonita do qu esta? Foi a viagem que o texto me levou a fazer.

beijo
Tony Madureira disse…
Olá,

Bem, este poema...


Abraço
Anónimo disse…
Vou de férias!
Volto a 15! Depois visito em busca do serenismo! ;)
*.*
regaço...
ausência...
mãos...
calma...
princesa...

Palavras, tudo aquilo que fica depois da ausência.

Um beijo
aya disse…
Lindo, Miguel...
Doce!

Beijo
Zé Povinho disse…
Mais um bom poema, em busca da paz do regaço.
De partida para férias aqui fica
Um abraço do Zé
São disse…
Apreciei o poema.
Boa semana.

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