06 de Junho (não apenas uma data qualquer)

Gosto de escrever sobre isto, as pequenas conquistas. Não sabia era que estas pequenas conquistas chegariam até mim e escreveria sobre elas.

O programa de Português, no 7º ano, da Escola Secundária de Penafiel, incluía a divulgação de jovens escritores da região (Vale do Sousa). Palavra puxa palavra e a Eulália, minha cunhada, pergunta-me se estaria disponível para ir à escola falar com os alunos, integrado nas actividades da disciplina. Aceitei, claro, como sempre faço, sem pensar nas consequências que, quase sempre, redundam na minha ansiedade a lutar contra o tempo. Vivi os dias anteriores com muito stress, pelo que poderia dizer, pelo que iria dizer, por ir levar alguém que não sou, por tudo e por nada.
Confesso que adorei e aprendi muito. As perguntas dos alunos reflectiam a análise que fizeram nas aulas (sim, durante umas aulas, o sumário foi algo do género: "Preparação para a visita do escritor José Miguel Gomes"), muitos questionaram as professoras sobre o que queria dizer "trago no corpo roupa cansada de me usar" e a maior parte tirou dos poemas algumas ilações que me fazem pensar.

Cheguei nervoso à escola, dentro do timing, mas confesso que depois de ver as 3 turmas do 7º ano tudo passou. Sabe tão bem ser bem recebido. Eu não sabia, mas, mais uma vez, a Ana e a minha irmã Anabela prepararam uma apresentação para os alunos visualizarem antes da sessão de perguntas. Composta por partes da apresentação feita no dia do lançamento, fotografias do lançamento, a música do Luís e outras "coisas", foi um momento engraçado, em que os alunos riram-se da minha abundante "trunfa" de criança :)
Algumas perguntas, pensadas na sala de aula, versavam sobre os poemas e sobre mim, quem sou, o que faço, idade, onde gosto de escrever, o que me inspira, etc. Mas algumas perguntas bateram bem cá no fundo, pela profundidade das mesmas e por serem algo que eles "assimilaram" na leitura dos meus poemas. Uma delas foi, curta e pura: "é feliz?".
Compreendo a questão, rio-me e tento responder. Sim, sou feliz, à minha maneira, na minha insatisfação, mas também porque muitos dos sentimentos que estão nos poemas não são meus, são das personagens que vejo, encontro e invento.
Seguem-se mais perguntas e eu a responder, num exercício mais enriquecedor para mim do que para eles...
"Para si o que é o amor?" - pergunta chave do encontro. Creio que já nem recordo o que disse, mas sei dentro de mim a resposta.
A primeira sessão completou-se com umas palavras do Presidente do Conselho Executivo, a entrega dos prémios de poesia e a leitura dos poemas premiados.
Esqueci-me (ainda estou algo desconexo) que no início leram poemas meus.
Hora de café e regresso ao auditório para nova sessão com as restantes turmas do 7º ano.

Desculpem-me... Estas coisas só poderiam ser escritas mais tarde, depois de estarem bem assentes em mim, mas ainda estou extasiado, com os miúdos, com a forma como fui tratado e por uma pequeníssima conquista (como a alegria de ter juntado dinheiro suficiente para um pequeno chocolate enquanto pequena pessoa) que vale por todas as possíveis derrotas, passadas e futuras.

Obrigado a todos, do coração.

Comentários

Um Momento disse…
Sorri... sorri muito com a emoção sentida e até eu que não estava lá , por momentos me "vi" no meio de tantas crianças a querer também participar em tão belo Momento

Parabéns!
De coração!

(*)
Lua disse…
Parabéns Amigo!
Sinto na tua escrita e nas entrelinhas felicidade contagiante!
Fico tão feliz por ti, pelas crianças e pelo mundo esta possibilidade de estar a partilhar momentos tão GRANDES como este que viveste e que vais reviver tantas vezes sem sombra de dúvida!
Sê feliz! Cá estaremos sempre para te acompanhar!
Beijinho grande e parabéns! :-)
MoonLight disse…
Tão bom!
É maravilhoso tocar-lhes a Alma!
Nem existem palavras que chegue, das que se trazem nos bolsos...
E os olhos brilhantes... e os sorrisos... É magia!
Muita magia!
Parabéns amigo!
Tudo se vai encaminhando!
Bjs de Luz*
Anónimo disse…
um ser, que teve a felicidade de te conhecer.
obrigado Miguel

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