Paredes com alma (II)

Apenas o que escondo é visível,
somente ramos,
nada mais.
Sei de memórias trechos
que a noite nunca avivou,
omito-me ao tempo e aos olhares
que não me procuram
e encontram,
sombras e fuligem.
Desenho-me na bruma
e na paisagem,
habito gentes sem casa
num lar que os ramos conhecem,
percorrem-me ainda rostos
de almas mortas
desconhecendo que vivem.
Sopro brisas
e planto mãos os olhares do entardecer,
cresço-te no sonho sem o saberes
e pernoito na tua imaginação,
porque ainda antes de vos nascer
já os ramos eram semente
e eu de pedra,
feito gente.

Comentários

Anónimo disse…
Belo poema! Nada melhor do que começar a semana com as tuas palavras.
*.*
Anónimo disse…
Gostei muito, parabens. Boa semana
antónio paiva disse…
...

"Apenas o que escondo é visível,
somente ramos,
nada mais.
Sei de memórias trechos
que a noite nunca avivou,
omito-me ao tempo e aos olhares
que não me procuram
e encontram,
sombras e fuligem."

fiz o destaque por estar muito bem conseguido. excelente.

abraço.

...
Serenidade disse…
Paredes que materializadas ou não nunca impedem o livre fluir dos sons, das almas, dos sentires e dos sonhos.

Serenos sorrisos

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