Cada lugar sem tempo

Faço do nada religião,
adormeço-a
ao lado de cada sonho
que repousa na minha mão.

O calor das portas
e das palavras
com nomes,
o bronze
e dourado
das mãos, sempre das mãos,
que teceram cada lugar sem tempo,
nas cascatas do pudor
e espartano rigor,
há almas minhas
que ainda não reconheci.

Cansei o olhar
e mesmo a noite respira ofegante,
ata-me o pulso o pulsar
que a vida ainda acomete
a quem de si mesmo é amante.

No dia que nunca acorda,
na noite, escrita, por luzes sombrias,
eu estou no ocaso
e tu, sonho,
estás nos dias...

Comentários

Zé Povinho disse…
...sonho que repousa na minha mão.
Os nossos desejos e anseios são sempre sonhos enquanto não se realizam - mãos à obra, que nada acontece por acaso e a sorte dá muito trabalho.
Abraço do Zé
Anónimo disse…
é bem verdade, miguel. quantas almas teremos que desconhecemos? um beijinho e bom fim de semana *
L. disse…
ola jose

deixo o meu link, blog novo de poesia, e tomo a liberdade de colocar la o teu

bom fds
MS disse…
...uma sensibilidade sempre linda!

Muito sonho por fazer... bastante melancolia...

Sensibilizada pelo olhar poisado em 'fragmentos'!
Sandra Fonseca disse…
"que a vida ainda acomete
a quem de si mesmo é amante."
Lindo esse trecho e todo o poema.
Voltarei.
Sandra Fonseca

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