Quando chega o Inverno

Quando chega o Inverno ou mesmo quando apenas se aproxima, quando o Sol começa o seu período de hibernação e as nuvens se tornam cinzentas, há algures um local perfeito, com uma casa de pedra e xisto, telhado de madeira, telhas que deixam fugir o fumo da lareira, divisões pequenas, mas acolhedoras, paredes mistas de branco, pedra e madeira clara e escura, cozinha de lavrador aquecida pelas brasas, amigos à mesa rindo e putos traquinas a jogarem jogos onde só eles conhecem as regras, pão sobre panos coloridos e canecas de café fumegante, um pátio em xisto e terra depois do alpendre com pilares em madeira e telhas à vista, uma cama de rede e um estendal, uma cadela a dormitar e um vento a levantar…
As luzes ao longe dão vida à aldeia, o terreno não tem redes ou muros, é meu e de todos, vai até onde a relva acaba e se erguem pinheiros e eucaliptos, de onde se tiram umas folhas para a água fervida e se inala, lenha seca recolhida e empilhada e teias de aranha, uns degraus aquecidos pelo tímido Sol onde irei sentar-me e a cadela, ao ver-me sentado, virá deitar-se a meu lado, um poço de água e alguns pássaros atarefados trinando ao desafio…
Sou capaz de sentir o cheiro, de ver todos os sentidos ansiando por se encontrarem…
Está tudo lá, falto apenas eu…

Comentários

Anawîm disse…
é...
está tudo pronto
tudo perfeito... ao pormenor
mas inacabado
como o palco da vida, que só faz sentido, só existe em toda a plenitude com a nossa presença presente

abraços
MS disse…
É.... essa é a nossa maior angústia!

Um beijo

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