Desfolhada de noites

Folheei-te tantas vezes que sou mais livro
nas tuas palavras.
Desfolho-te pleonasticamnte,
folha a folha,
e cubro-me com sonetos.
Tricoteio um Sol num céu azul
com os teus parágrafos,
pinto-lhes o vento frio
das manhãs de Inverno
que sopra ao virar da tua lombada.
Deixo que o sono venha
e me alcance,
sem eu reparar,
quando nas minhas mãos moram letras perdidas,
saltadas
das tuas folhas
que fazem minha redoma.

Nunca te pertenceram,
adormeceram
nos dedos
e acordaram
quando friccionadas em veneração
(quem és, espécie de ilusão?)
às palavras invisíveis,
que agregam e escondem os olhares
sem dono.

Comentários

Anónimo disse…
Que lindo poema Miguel!
:)
*.*
É optimo adormecer "ao som" de um livro...

Muito bom
Som do Silêncio disse…
Olá!

Gostei imenso de estar aqui!
Escreves muito bem.

Beijo Silencioso
Silvia Madureira disse…
Olá:

As palavras são mágicas...quantas vezes chorámos ao ler um texto? Quantas vezes sonhamos com as personagens de uma história? Quantas vezes verificámos que uma palavra pode ser fatal? Neste jogo de palavras devemos deixar que estas nos toquem, nos acalmem, nos acarinhem...e nos levem de novo para a vida depois deste voo...que tive agora.

Um abraço
adc disse…
... a escrita... também, meu vício!

Bjs desarrumados de adc

http://poemasdesarrumados.blogspot.com
Anónimo disse…
Como sempre, fantástico!
O que dizer? Escreve sempre, mais e mais...

Beijos, Princesa
Ivy disse…
Entrar desta maneira nos livros, só para os poetas. Parabéns!
Anawîm disse…
Abraça essas letras que moram nas tuas mãos, para que não se percam nunca... é... das folhas do coração que está bem perto de nós, mesmo que adormeças, acalenta-as em ti...
Nas manhãs da vida, sorrirão para ti... chorarão contigo... serão o teu "album de fotografias" do coração

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