Feather theme
Títulos e linhas, palavras e sentidos, tudo armazenado em vários ficheiro de texto que, invariavelmente, morrem sozinhos, esquecidos no computador. Isto é fruto de padecer de um mal, o de falar comigo mesmo, o que faz com que aquilo que gostaria de escrever fosse dito e, assim, já não escrito.
Chego perto da Farrusca, deitada ao Sol, pouco faz além de abanar o rabo contra a parede, à espera de um afago. Falo-lhe e ela levanta a cabeça, à espera da habitual carícia no pescoço. Por vezes nem falo, fico a olhar para ela a sorrir e ela, sem que eu me mexa, levanta-se e encosta a cabeça às minhas pernas e fico, assim, ainda a sorrir, com os olhos fechados, partilhando com ela o prazer de estar ao Sol num dia de Inverno.
Esta minha característica contemplativa, faz com que me veja a passar por locais e olhar, reviver situações e emoções, como ontem. Apesar das mudanças impostas pelo tempo e o progresso em forma de asfalto de auto-estrada, encontrei uma escola primária onde vi o futuro em forma de olhares pequeninos e sonhos imensos. Fico a pensar onde andarão aqueles príncipes e princesas, será que cresceram muito? E de repente, quando passo lentamente pelo recreio da escola, na neblina e noite cerrada, vejo-os correr novamente, dizendo-me adeus com as mãos pequenas e os olhos gigantes de luz. Não há um episódio na vida que não me marque, parecem destinados a surpreender-me, parecem existir já, à espera apenas que eu dobre a esquina para assomarem aos meus olhos e eu, como criança, sorrio. Nessa escola, onde a professora era mesmo Professora Primária, e os alunos eram os sonhos, passei por momentos emocionantes. E, muitas vezes, esforçando-me para conter as lágrimas, sorri e agradeci a quem quer que seja que me proporciona ser feliz apenas por existir. Os desenhos tenho-os todos guardados, sei que um dia perecerão, mas os originais estão gravados no meu peito, armazenados na secção dos sentimentos, onde nada, nem o mais triste acordar pode remover. As letras que estão dentro são, cada uma, um infinito raio de Sol que ilumina todo e qualquer recanto da minha vida. As crianças. Nascem como estrelas cadentes.
Depois de sair daquela escola voltei lá apenas mais uma vez, apenas por visita, falei com a Professora, Patrícia de seu nome, e agora tenho pena de não ter ficado com contacto de mais professores e funcionários.
Não sei porque escrevo isto, todas as pessoas possuem, sei-o bem, momentos inesquecíveis, grandes ou pequenos, sonoros ou inaudíveis, visíveis ou apenas daqueles que se vêm com os olhos do coração, quando a mente dorme e os sentidos percorrem o espaço que nos separa da felicidade.
Chego perto da Farrusca, deitada ao Sol, pouco faz além de abanar o rabo contra a parede, à espera de um afago. Falo-lhe e ela levanta a cabeça, à espera da habitual carícia no pescoço. Por vezes nem falo, fico a olhar para ela a sorrir e ela, sem que eu me mexa, levanta-se e encosta a cabeça às minhas pernas e fico, assim, ainda a sorrir, com os olhos fechados, partilhando com ela o prazer de estar ao Sol num dia de Inverno.
Esta minha característica contemplativa, faz com que me veja a passar por locais e olhar, reviver situações e emoções, como ontem. Apesar das mudanças impostas pelo tempo e o progresso em forma de asfalto de auto-estrada, encontrei uma escola primária onde vi o futuro em forma de olhares pequeninos e sonhos imensos. Fico a pensar onde andarão aqueles príncipes e princesas, será que cresceram muito? E de repente, quando passo lentamente pelo recreio da escola, na neblina e noite cerrada, vejo-os correr novamente, dizendo-me adeus com as mãos pequenas e os olhos gigantes de luz. Não há um episódio na vida que não me marque, parecem destinados a surpreender-me, parecem existir já, à espera apenas que eu dobre a esquina para assomarem aos meus olhos e eu, como criança, sorrio. Nessa escola, onde a professora era mesmo Professora Primária, e os alunos eram os sonhos, passei por momentos emocionantes. E, muitas vezes, esforçando-me para conter as lágrimas, sorri e agradeci a quem quer que seja que me proporciona ser feliz apenas por existir. Os desenhos tenho-os todos guardados, sei que um dia perecerão, mas os originais estão gravados no meu peito, armazenados na secção dos sentimentos, onde nada, nem o mais triste acordar pode remover. As letras que estão dentro são, cada uma, um infinito raio de Sol que ilumina todo e qualquer recanto da minha vida. As crianças. Nascem como estrelas cadentes.
Depois de sair daquela escola voltei lá apenas mais uma vez, apenas por visita, falei com a Professora, Patrícia de seu nome, e agora tenho pena de não ter ficado com contacto de mais professores e funcionários.
Não sei porque escrevo isto, todas as pessoas possuem, sei-o bem, momentos inesquecíveis, grandes ou pequenos, sonoros ou inaudíveis, visíveis ou apenas daqueles que se vêm com os olhos do coração, quando a mente dorme e os sentidos percorrem o espaço que nos separa da felicidade.
Comentários
Tudo é possível... Tudo pode acontecer... ;)
Um abraço.
1000 pétalas de Luz
Uma vez disse que gostaria de obter uma resposta ao que escrevo. Mentira. À medida que escrevo verifico que obtenho resposta nos teus textos seja no seguinte ou noutro mais distante. Na verdade respondes mas de forma subtil.
E apenas posso dizer que te continuas a revelar como tu deves ser. Pelo menos em cada texto as características da personagem é sempre a mesma.
Eu só queria poder ver o mundo com os teus olhos! Vês coisas muito bonitas que por vezes os meus olhos não deixam passar pelo filtro. Tens a capacidade de ver para além do túnel.Parabéns!
Tu ensinas muita coisa e uma delas é dar valor às pequenas, grandes coisas da vida. Obrigado por esses momentos!
Eu gosto de uma escola ou seja de todo o ambiente. Gosto de ouvir a palavra "s'tora". Gosto de estar no palco. Gosto de ser responsaável por uma turma. Obrigado por me fazeres lembrar esse ambiente.
Sem mais...apenas posso dizer continua...vais no bom caminho...I think!
Silvia
É maravilhosa a maneira que descreves teus sentimentos.
Nunca deixe de escrever...
Nos tempos de hoje
as pesoas parecem
que congelaram
os seus sentimentos
e os seus corações.
->"Chego perto da Farrusca, deitada ao Sol, pouco faz além de abanar o rabo contra a parede, à espera de um afago" (Que lindo!)
Nesta parte do teu texto,
lembrei de um verso
que guardei nas minhas memórias:
"Se todo animal
inspira ternura,
o que houve, então,
com os homens?
(Guimarães Rosa)
->Aqui senti uma grande ternura e saudade:
vi o futuro em forma de olhares pequeninos e sonhos imensos. Fico a pensar onde andarão aqueles príncipes e princesas?
Penso que mudamos
na aparência mas ainda
somos as mesmas crianças
em busca dos nossos sonhos.
Temos medo, queremos colo,
Precisamos de amor.
->Quando você diz;
"Não sei porque escrevo isto"
Penso que escreves porque tens
um coração generoso e sensível.
As pessoas sensíveis
sofrem mais
que as outras,
falo de experiência própria...
Mas também são abençoadas,
porque enxergam
com os olhos do coração.
E como você mesmo esvreveu:
"o que sai na hora é o que sou,
de bom e de mau…
E como não tenho
medo de mim, gosto de saber, profundamente o que sou…"
Concordo com você.
Devemos ser nós mesmos!
Parabéns!
Estou encantada!
Sempre que te visito,
levo um pouquinho
do teu "Serenismo"
Beijo*Juli*