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A mostrar mensagens de setembro, 2006

Porque não sou

Sou o frio, a chuva que me aclara o dia, as gotas no pára-brisas que codificam o respirar, a terra molhada e os horizontes aos quais me prostro. As ruínas crescentes e os sorrisos carentes, o uivo da noite e apenas as estrelas como companhia, uma mão cheia de sonhos e o murmúrio da utopia... Ainda que vagueie não me falta o rumo, o ondular das veredas e a sombra fugidia do simples, o orvalho e o relento são dos próprios olhos meu alento. Sou, porque sei que não sou...

Rugas do dia

A noite ainda é minha, disse-me o reflexo do olhar nas nuvens e até as estrelas sussurravam, voltou... O silêncio do relâmpago e a cegueira pálida do trovão, as gotas que me sorvem dormindo na palma da minha mão. Os traços finos das rugas do dia, o cabelo sedoso do sonho na minha face e o olhar que nunca partiu...

Segredos

Há coisas que, em geral, não se sabem. Porque se omitem, porque se escondem ou porque simplesmente são tão diferentes que por não termos capacidade de as compreender, simplesmente não as vemos.  A minha escrita, por bonita ou feia que seja, nem sempre é minha, apesar de versar quase sempre o Amor, a procura de algo ou alguém, o questionamento, o auto-conhecimento, entre outros. Todos temos os nossos segredos, a minha escrita será uma delas. Ou se calhar nem a escrita, mas as frases que ela contém e entre versos e palavras, letras até, tenta-se levantar o véu, respirar um pouco, à espera que o poema vá, percorra a estrada que deve percorrer. Enfim, segredos. O maior segredo que todos possuímos, é saber que temos uma imensa força e simplesmente não a utilizamos.

Respirar

Recebe-me a placidez dos dias de Inverno, ternamente ondulam, nos cabelos soltos de fantasia, as ausências prescritas pelo adeus. Neste vaivém quasi-eterno de sorrir e encontrar, de mim ao mundo, comovo-me com partículas nos olhares que julguei nunca ver... Vivo, sonâmbulo, até ao momento em que olhas e me afundo no mundo, para vir à tona da vida nadar no meu sonho...