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A mostrar mensagens de junho, 2006

Still

Os poemas têm sido o "escape" a nada escrever aqui... Fico parado, tentando ordenar as ideias, as histórias que vivo, ouço, vejo e sonho, para as transformar em palavras, mas invariavelmente fico apenas a olhar... No monitor vão passando todos os episódios, todos sem excepção e, por vezes, até têm relação uns com os outros e transformam-se numa espécie de filme com capítulos que apesar de não estarem relacionados uns com os outros, fazem parte de um cenário maior, como as ruas, distantes, da mesma cidade... E enquanto olho para o monitor, muitas outras histórias surgem a meu lado, à frente, por cima pairando... As histórias e seus protagonistas pedem que os escreva, mas não consigo... Surgem por vezes protagonistas de histórias que não conheço e dizem que é apenas para mandar um recado, pode ser uma linha simples de um poema, ou uma vírgula após uma palavra, que obrigue a parar um pouco nessa mesma palavra... Mas hoje, nem ultimamente, não dá... Tenho a convicção, que nem co...

Náufragos

Os faróis afastaram-se dos meus navios, a espuma baça bailava contra a proa do meu sonho, há náufragos que nunca viram o mar... Os fantasmas movimentaram-se em pleno dia, as cortinas abafam a noite numa toada surda e cansada, é ainda da noite o trilho da alvorada... As faces oscilavam em ameaça sobre a mão, as lágrimas olharam a saudade em despedida do que chegou à falsa vida, o irreal digitou a dor que o sonho guardou na ilusão...

Os sons de quando chove

Ia dormir, mais uma vez, sem me sentar aqui e escrever qualquer coisa... Bem, qualquer coisa não, as histórias que vou acumulando permitiam, assim houvesse tempo, paciência e vontade, estar a escrevê-las durante umas boas horas... Mas, vá lá, hoje consegui vencer a preguiça e o sentimento de: "escrever para quê?". Andava com um poema atrás de mim, já desde dia 13 de Junho, incompleto, que por tanto esperar acabou por se completar por ele, com algumas linhas em branco, aqui vai ele... Quando chove a vida adormece. A nuvem pariu ouro, que deleita as rugas que moldam os rostos envoltos e amparados por longos lenços pretos... E sobre que é este poema? Ou pseudo-poema? Sobre as faces das viúvas que vivem do quintal, das suas faces cobertas por luto eterno, que é o mesmo que o medo da felicidade, digo eu, que nem sou daqui... Quando chove, cai ouro... Assim é a chuva em mim... Antes de me ir deitar, queria apenas que fizesses um exercício, coisa simples, aliás não poder...

Mais

Há segredos que velam pela vida, quantas verdades se escondem em mentiras, que olhos julgaram ouvir como um eco, das mãos rugosas, que embalam o chamado da face direita, entre dias que vivem à noite. As linhagens dos sorrisos voadores pereceram com o tempo, que esvaiu na fina camada do olhar. Quando oblíquos tesouros me chamam no sonho já eu sou das estrelas e das nuvens que embaçam a retina, lá, onde eu sou mais eu e as vozes díspares se calam, no emaranhado e confuso pleonasmo, de viver uma ilusão. Lá, onde eu sou mais... Mais de mim mesmo...

Sorrisos suspensos

Voltei da vida a tempo do medo pontapear, enquanto degraus sustinham um passadiço para o errante se afogar, que há ainda quem cante nas costas do olhar um velho suspiro mortiço...

Sorrisos escorpiões

Ainda que tivesse três estrelas e um quarto de Lua minguante, jamais o dia serão seria, porque em cada pedra há um escorpião e em cada sorriso um senão, que a vida escalda e dilui cada suspiro no coração...