De nossa alma
Creio que foi a primeira vez... Sim, foi, de facto, a primeira vez que escrevi algo por "encomenda", algo meu, para transmitir sentimentos de outros em relação a outros... Complexo, não é? À falta de um postal para entregar num casamento ao qual ia minha irmã, ofereci-me para fazer um poema... Inusitado...
Deitei-me na cama comecei a escrever. Conheço bem a minha irmã, tal como conheço a pessoa para quem era o poema, são amigas desde crianças e eu acompanhei o crescimento de ambas, o que facilitou a saída da mente para a infância delas e o acompanhar dos trajectos para a escola primária, a frequência de escolas diferentes em determinada altura, a partilha de sonhos, belos, e os restantes elementos inerentes à maioria das pessoas, amigas... Fechei os olhos e lá estava eu, na mente de uma, na mente de outra... As palavras nem sempre conseguem exprimir o que se sente, muito menos quando se tratam de sentimentos de outras pessoas, experiência sempre subjectiva... Solução? Compreender e sentir à minha maneira, sui generis por sinal, abrir os olhos e permitir que os sentimentos que, então, vogavam pelo meu quarto, pairando sobre mim, espreitando outros timidamente ao fundo da cama, falassem o que desejavam... E assim nasceu um poema... Que é a fala de uma amiga para outra, que começa por escrever como se fosse criança, explicando enquanto criança o sonho, o caminho para a escola, o portão de entrada para a vida, as fantasias usuais das crianças... Para pairar em diálogos submersos na adolescência e desaguar, lentamente, com a chegada de pessoas distintas nas suas vidas, que agora culmina numa cerimónia... Li e reli o poema... Já deixei de o reler, pois encontro sempre coisas que desejaria substituir... Fico sempre com a sensação que poderia ter escrito outras coisas, pois novas e outras sensações surgem... E é aqui que me apercebo que, afinal, nunca conseguirei escrever tudo o que vejo e sinto... Não consigo deixar de me apaixonar pela vida, apesar de muitas e variadas vezes não a compreender, pela sucessão dos dias que nas suas poucas 24 horas muito me trazem, de sentimento, de alegria, de tristeza, de dor, de felicidade... E perdido que estou, muitas vezes, na experiência de omnisciência, percebo num mero poema o porquê de vivermos, o porquê de sentirmos, o porquê de aprendermos, no meio de tantas dúvidas (meu deus, basta ver o telejornal para que as dúvidas surjam) a certeza de um só segundo encerrar momentos de profunda eternidade... E é agora, creio, este sentimento de felicidade interna, o momento em que mais frustrado (não é este o termo, mas não encontro melhor) me sinto, por não conseguir passar para palavras, apenas viver...
Apenas este sono que é a vida, com duração desconhecida ao início, aproximadamente 75 anos, permite-nos degustar todos os sabores que não conseguiríamos "acordados"... Que dúvidas me assaltam! Não dúvidas... São, digamos, incompreensões... Incompreensão deste conceito de vida, de eternidade, de momentos internos e externos, a dicotomia que se quebra, a porta aberta que é a ciência, esta época em que as pessoas se sentem insatisfeitas e buscam conhecimento, facultado por elas mesmas... Que plano será este? Ou falta de plano será este? Bem, ficará para outro post...
Os muros eram altos,
distantes
e até a vida
parecia longe demais a nossos olhos,
pequenos
e sonhadores.
Os caminhos,
vastos e longínquos,
onde a amizade
despreocupadamente
cresceu,
como uma pequena nuvem,
vogando
feliz,
no céu…
As letras
e os livros,
as histórias
e os sonhos,
o sorriso que ao horizonte brilha
nos passos partilhados
a crescer,
sou eu de mim
parte de ti,
que sorrir e partilha
uma vida,
como esta flor
nos jardins da amizade
ainda a crescer…
E agora,
mais baixos os muros,
ladeiam caminhos
vastos ainda,
que tornam o amanhecer mais próximo
do olhar,
e se a vida,
ainda que mais perto,
outras veredas nos fizer percorrer,
guardo na palma da minha mão
os mesmos olhares,
maiores,
ainda sonhadores.
Não há distância
ou horizonte
que se imponha,
ou esmaecer a minha vida consiga,
pois aqui,
no peito,
guardo a pérola
de te saber
amiga…
E eis que a vida,
serenamente,
traz alguém
ao teu destino,
novos sonhos nascem
e desaguam nas vossas mãos
que se unem, hoje,
na foz,
a jusante da felicidade.
São agora os caminhos
ainda mais vastos
nos vossos passos confiantes
e seguros.
Olhos húmidos
acompanham-me a boca
que nada diz.
Enquanto o Sol parece iluminar
cada vez mais
a vossa felicidade
de amantes e aprendizes,
nossa alma tem um só murmúrio:
Sejam felizes!
Deitei-me na cama comecei a escrever. Conheço bem a minha irmã, tal como conheço a pessoa para quem era o poema, são amigas desde crianças e eu acompanhei o crescimento de ambas, o que facilitou a saída da mente para a infância delas e o acompanhar dos trajectos para a escola primária, a frequência de escolas diferentes em determinada altura, a partilha de sonhos, belos, e os restantes elementos inerentes à maioria das pessoas, amigas... Fechei os olhos e lá estava eu, na mente de uma, na mente de outra... As palavras nem sempre conseguem exprimir o que se sente, muito menos quando se tratam de sentimentos de outras pessoas, experiência sempre subjectiva... Solução? Compreender e sentir à minha maneira, sui generis por sinal, abrir os olhos e permitir que os sentimentos que, então, vogavam pelo meu quarto, pairando sobre mim, espreitando outros timidamente ao fundo da cama, falassem o que desejavam... E assim nasceu um poema... Que é a fala de uma amiga para outra, que começa por escrever como se fosse criança, explicando enquanto criança o sonho, o caminho para a escola, o portão de entrada para a vida, as fantasias usuais das crianças... Para pairar em diálogos submersos na adolescência e desaguar, lentamente, com a chegada de pessoas distintas nas suas vidas, que agora culmina numa cerimónia... Li e reli o poema... Já deixei de o reler, pois encontro sempre coisas que desejaria substituir... Fico sempre com a sensação que poderia ter escrito outras coisas, pois novas e outras sensações surgem... E é aqui que me apercebo que, afinal, nunca conseguirei escrever tudo o que vejo e sinto... Não consigo deixar de me apaixonar pela vida, apesar de muitas e variadas vezes não a compreender, pela sucessão dos dias que nas suas poucas 24 horas muito me trazem, de sentimento, de alegria, de tristeza, de dor, de felicidade... E perdido que estou, muitas vezes, na experiência de omnisciência, percebo num mero poema o porquê de vivermos, o porquê de sentirmos, o porquê de aprendermos, no meio de tantas dúvidas (meu deus, basta ver o telejornal para que as dúvidas surjam) a certeza de um só segundo encerrar momentos de profunda eternidade... E é agora, creio, este sentimento de felicidade interna, o momento em que mais frustrado (não é este o termo, mas não encontro melhor) me sinto, por não conseguir passar para palavras, apenas viver...
Apenas este sono que é a vida, com duração desconhecida ao início, aproximadamente 75 anos, permite-nos degustar todos os sabores que não conseguiríamos "acordados"... Que dúvidas me assaltam! Não dúvidas... São, digamos, incompreensões... Incompreensão deste conceito de vida, de eternidade, de momentos internos e externos, a dicotomia que se quebra, a porta aberta que é a ciência, esta época em que as pessoas se sentem insatisfeitas e buscam conhecimento, facultado por elas mesmas... Que plano será este? Ou falta de plano será este? Bem, ficará para outro post...
Os muros eram altos,
distantes
e até a vida
parecia longe demais a nossos olhos,
pequenos
e sonhadores.
Os caminhos,
vastos e longínquos,
onde a amizade
despreocupadamente
cresceu,
como uma pequena nuvem,
vogando
feliz,
no céu…
As letras
e os livros,
as histórias
e os sonhos,
o sorriso que ao horizonte brilha
nos passos partilhados
a crescer,
sou eu de mim
parte de ti,
que sorrir e partilha
uma vida,
como esta flor
nos jardins da amizade
ainda a crescer…
E agora,
mais baixos os muros,
ladeiam caminhos
vastos ainda,
que tornam o amanhecer mais próximo
do olhar,
e se a vida,
ainda que mais perto,
outras veredas nos fizer percorrer,
guardo na palma da minha mão
os mesmos olhares,
maiores,
ainda sonhadores.
Não há distância
ou horizonte
que se imponha,
ou esmaecer a minha vida consiga,
pois aqui,
no peito,
guardo a pérola
de te saber
amiga…
E eis que a vida,
serenamente,
traz alguém
ao teu destino,
novos sonhos nascem
e desaguam nas vossas mãos
que se unem, hoje,
na foz,
a jusante da felicidade.
São agora os caminhos
ainda mais vastos
nos vossos passos confiantes
e seguros.
Olhos húmidos
acompanham-me a boca
que nada diz.
Enquanto o Sol parece iluminar
cada vez mais
a vossa felicidade
de amantes e aprendizes,
nossa alma tem um só murmúrio:
Sejam felizes!
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