2:16 AM

A chuva silenciou-me os pensamentos,
o gotejar levou o pólen
que coloria as minhas sombras,
dos ventos
pendem novas castas
e odores,
que impregnam os sentidos
de gastas
faces idosas na solidão
de seus idos amores.

Escrevo de olhos fechados,
no alpendre sucumbem ruídos
e crescem,
por entre pedras conhecidas,
vultos que buscam abrigo
e corpos cansados
com olhos esmaecidos
que já nada sentem.

O relógio,
o relógio não para de tremer
ao ver o tempo fugir,
nem as folhas que caem
ou as rugas,
que também nascem,
ocultarem um novo rugir.
Há sons que se repetem
mesmo aos ouvidos incautos
dos sonhos gastos
que a noite rasga
ao dormir.

Seriam estes olhos
que se ocultam no retrato
cinza?
À luz de uma vela sem pavio,
de uma sombra
rimada a incandescer,
descansa o tempo
sabendo que nas minhas mãos
está a adormecer...

Comentários

Anónimo disse…
Passei por aqui, só para desejar uma boa semana.
Bonito post, como sempre.

jinhoss

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