Esta vontade

Estas tardes dão vontade de andar pelo monte, por entre as árvores, tremer quando uma gota grossa nos cai mesmo no pescoço.
Dão vontade de...
De ter por companhia um qualquer programa de rádio, com música tradicional.
Pegar em terra e senti-la húmida...
Ficar parado, apenas para não afugentar um melro...
Deitar num muro por acabar, sacudir as pedras que magoam a cabeça, deixar pender uma perna para não perder o equilíbrio e com a palma da mão tapar o sol, apenas para ver o céu, e todas estes pontos luminosos que bailam...
Abrigar numa velha paragem de autocarro, à espera que pare a chuva...
Parar com medo de um cão e respirar de alívio, quando ele abana o rabo e nos vem lamber a mão.
Sorrir quando se toca com a mão fria numa parede quente.
Abrir os braços e deixar que a chuva nos molhe, completamente e depois, encharcado, tomar banho e adormecer meio corpo a ver uma lareira.
Sentar com amigos, sem falar.
Sorrir apenas porque se está vivo.
Sorrir apenas porque se sabe que não se morre.
Sorrir ao lembrar das crianças e dos adolescentes, alunos.
Sorrir apenas.
Apenas permanecer assim, tal como se é.

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