Visão de vivos e idos fantasmas

Um sorriso marginal
tende ao olhar solitário,
que se solta indelevelmente
quando este abraço ausente
de gente normal
me silencia a saudade.

Cada pessoa é um poema em movimento,
cada olhar cansado
de vida a depurar
é uma semi demência,
visão de idos fantasmas
que nascem nas sombras
e no frio de Inverno
que assola a alma.

A alma dorme,
não sabe que é ela mesma
e canta num grito de horror,
um misto de saudade
e de profunda dor,
que é ver frutos de teu ventre
serem menos que sombras,
pouco mais que um nada ausente…

E o meu abraço já não chega a ti,
esta voz longínqua sempre presente
que me pede o inaudito
está aqui,
o respirar pesa-me,
as pernas fraquejam quando saio
e vou até aí,
até às veredas do pesadelo
e te arranco às garras que te prendem ao medo…

Quando me levanto de mim mesmo
e o cansaço da tarde
(que vem devagar… devagarinho)
chama às paredes confidentes
solenes companhia ausentes,
o teu corpo é já vazio
desse fogo que ainda arde,
sonho que nasce
além,
no final deste longo pavio…

Descansa em paz,
Que os calos da vida na tua alma
são já idade
e cicatrizes,
são pele macia
e serenidade.

Fecha os olhos,
quando tua voz findar
estarás já no mundo dos sonhos…

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