Pela manhã
Eu estava em pé, ao balcão, rindo-me baixinho dos velhos que jogavam damas, em torneios mais que a honra, de vontade de viver.
Pelo canto do olho vi-o chegar, a bicicleta maior que ele, que o obrigou a parar junto do passeio, encostar a bicicleta e pousar um pé (o direito), alçando a perna para trás, por cima do assento, e ficar em pé, meio ofegante, meio ausente.
Segui-lhe os passos, entrou no café descendo os dois degraus, com um olhar mais ausente ainda.
Andava como se o ar que respirasse fosse diferente de quanto em cima da bicicleta, na sua nave.
Ao chegar ao balcão tirou a carteira, abriu-a (o som do velcro fez-me arrepiar) e ficou à espera que o atendessem.
Era a Maria, a revista, que queria, e pagou-a com uma moeda que não vi.
O olhar quase nunca saiu do chão, mesmo para receber o troco.
O chapéu tapava-lhe o cabelo claro, sujo, espesso, que caía sobre os ombros, numa camisola gasta e suja e esta morria nas calças de ganga, russas, gastas e sujas também.
O olhar era claro, verde, e a cara familiar, piramidalmente invertida, com olhos salientes, muito abertos, perdidos, raiados pelo ar desconhecido que o envolvia.
O nariz era pequeno, fino, e um pouco elevado.
A testa grande e saliente também.
As maçãs do rosto elevados eram bem características, assim como a ausência de bochechas (não sei o que chamar ou como dizer, esta foi a descrição que consegui arranjar), uma boca pequena, quase sem lábios e um queijo pontiagudo e nada saliente.
Por momentos olhou para mim, talvez sentisse que eu o observava, quando o seu olhar cruzou com o meu senti-o, vago, distante, estrangeiro, numa viagem longínqua.
Durou poucos segundos, o suficiente para o trazer comigo.
Ele virou costas, dobrou duas ou três vezes a revista, procurando a melhor maneira de a guardar no bolso, de forma à mesma não cair quando se sentasse na bicicleta, na sua nave.
Arrancou e eu voltei ao meu jornal.
Curioso, espreitei pela janela para o ver afastar e, lentamente, apenas a meus olhos, levantar e desaparecer por entre as poucas nuvens que existem pela manhã.
Pelo canto do olho vi-o chegar, a bicicleta maior que ele, que o obrigou a parar junto do passeio, encostar a bicicleta e pousar um pé (o direito), alçando a perna para trás, por cima do assento, e ficar em pé, meio ofegante, meio ausente.
Segui-lhe os passos, entrou no café descendo os dois degraus, com um olhar mais ausente ainda.
Andava como se o ar que respirasse fosse diferente de quanto em cima da bicicleta, na sua nave.
Ao chegar ao balcão tirou a carteira, abriu-a (o som do velcro fez-me arrepiar) e ficou à espera que o atendessem.
Era a Maria, a revista, que queria, e pagou-a com uma moeda que não vi.
O olhar quase nunca saiu do chão, mesmo para receber o troco.
O chapéu tapava-lhe o cabelo claro, sujo, espesso, que caía sobre os ombros, numa camisola gasta e suja e esta morria nas calças de ganga, russas, gastas e sujas também.
O olhar era claro, verde, e a cara familiar, piramidalmente invertida, com olhos salientes, muito abertos, perdidos, raiados pelo ar desconhecido que o envolvia.
O nariz era pequeno, fino, e um pouco elevado.
A testa grande e saliente também.
As maçãs do rosto elevados eram bem características, assim como a ausência de bochechas (não sei o que chamar ou como dizer, esta foi a descrição que consegui arranjar), uma boca pequena, quase sem lábios e um queijo pontiagudo e nada saliente.
Por momentos olhou para mim, talvez sentisse que eu o observava, quando o seu olhar cruzou com o meu senti-o, vago, distante, estrangeiro, numa viagem longínqua.
Durou poucos segundos, o suficiente para o trazer comigo.
Ele virou costas, dobrou duas ou três vezes a revista, procurando a melhor maneira de a guardar no bolso, de forma à mesma não cair quando se sentasse na bicicleta, na sua nave.
Arrancou e eu voltei ao meu jornal.
Curioso, espreitei pela janela para o ver afastar e, lentamente, apenas a meus olhos, levantar e desaparecer por entre as poucas nuvens que existem pela manhã.
Comentários