Enquanto a vida te rodeia

Quantos anos caíram,
enquanto dormia pela vida
ultrapassando tempos,
aniquilando
quem de mim bebia,
quantos seriam?

O calor na face
rosada,
da cor do mel
quando de mim se ultrapasse
e, por fim, cansada
de respirar
se deixe esmaecer
no fino gume desta folha
que se faz papel...

Cavalgam pelos anos
descansando quando de si escolhe a vida,
caída,
pendente dos secos ramos
frágeis, canos de gente
que respira,
ou fustiga,
quando o bafo quente da garra
o prende
à força
do mar conta as ondas
em algazarra.

A vida escreve-se
em suores perdidos,
em corpos acometidos pelas convulsões
de viver, aos poucos,
presos a ilusões
e medos...
E são estes
os tão horrendos segredos?

Enquanto rodas sobre ti,
dormindo na cama receosa,
um mundo invisível que tu respiras
dá lugar ao som,
beija à Lua a mão
que cora e sorri.

A compaixão fugaz,
o gesto solene que de ti nada faz,
a escrita ténue, quase só,
que ainda persiste
enquanto descanso...

Tu não és,
apenas rodas sobre ti
quando a vida te fita nos olhos e sorri...

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