Vitrina embaciada pelo fumo do cigarro

Desilude-me o cruel,
entre carumas que fintam o vento
onde passam raios de um Sol esmaecido
cai o pólen dos ecos perdidos do viver.
A luminosidade que vagueia é espontânea,
própria dos envidraçados redentores de sonhos
que lutam contra o embaciado da tua voz…
Um pássaro negro calca um ramo
e sorri antropomorficamente,
são os vasos que latejam canais
onde corre o líquido injector do sorrir,
que dedos frios estes do vulto,
que sede de carregar com uma nuvem
e fazer chover,
que ânsia de implodir omnipresentemente
e sucumbir,
morrer…

Heras,
galhos e outros tais que amam o tronco,
sobem e sugam seiva,
amam e correm vadios pelo passado.
Rodeiam-nos asas e ruídos
sons e tépidos olhares embevecidos,
são os que ondulam intemporalmente
aqueles a quem chamam mendigos.

Unanimidade em multi tons,
raças distintas do solver
em matizes que gorgolejam numa encruzilhada,
meias palavras que falam
ou cantam
o que sente a madrugada.
Quadrículas escritas a vermelho
indagando o rumo destas lousas negras com musgo,
corre a água nas caleiras
adormece-me a noite com o som das goteiras
e inebria-me o fumo que jorra dos colmos.
Se o salpicar salgado fura o ar perfumado
quem sou eu para contrariar
a serenidade que rompe o choro instigado?

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