Um desenho da alma

Olharam
e partiram,
sem querer
que o mundo as possa ver...
São fartas
nas tuas cartas,
delirantes
em almas erradas.
Espartanas
como falsas filigranas,
doentes
como sãos dementes...
Assim são os olhares que me devoram,
que nas campânulas moram...

Tangível,
mas fugidio,
o destino vai correndo atrás de mim,
ansioso e frutuoso,
tentar encontrar-se
ainda antes do fim.

Como é amargo o soçobrar
dos meus braços,
o odor da tinta
que estupra e pinta,
que me dói
e não finda...

Inibidor,
o elogio do feitiço
cobre-me de saudade
se tenta acalmar
as chamas que atiço,
mas é brando o lume
ou orvalho,
é sereno e mortiço.
Refugia-se no aperto de mão, no olhar compreensivo
da sinceridade de um amigo,
que de frágeis
papéis
gastos, sujos, velhos e mudos,
faz de um poema
vivido,
talvez sentido,
um desenho da alma
que trago comigo.

Deitas-te agora,
sobre as palavras que gasto
sem sentido,
mas sentidas,
há um vulto que se aproxima de mim...
Fim?

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