Do que voltou

Deixei que a noite lhe cravasse as garras,
o impugnasse secretamente
ao som de um carrossel abandonado,
um café borbulhante
que suga estas penetrantes amaras…
Despedi-me dele,
infinitamente,
após o espelho me avisar
da triste figura que ostentava
solenemente…
O olhar raiada era triste,
desamparado pelos sorrisos,
de longínquos amigos,
agarrados apenas à noite
que abraçou o dia,
para não morrer quando este fosse,
pela última vez,
nascer…
Quantas rugas
e histórias,
lágrimas e memórias,
em tons de cinzento
e violeta,
em sons
de uma baioneta
rombuda e gasta,
que se despede:
“hasta!”
A corja voltou,
descendo dos céus inferiores
em urros sujos e delatores,
em frondes altaneiras
da ebriedade
que voltou…
Gasta-o vida
aos olhos do sorriso que partiu,
o corpo que o sustenta
e alimenta,
pede à alma que o atiça
e aos soluços do parto,
que o acaricie
e dignifique,
que o esquarteje
e mortifique…
Oh noite,
esses teus amigos inquietos
são filhos de quem?
Do luar que o Sol te dá
ou destes cavaleiros
que o dia sustém?

Comentários

Anónimo disse…
Finalmente encontrei-te :) ... é o blog mais lindo que já li até hoje...sabes que és um ser humano lindo? um dos mais lindos que ja conheci até hoje:)obrigada por nos presenteares com estas tuas palavras...sandra

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