Na matéria
Há já alguns dias que nada tenho escrito.
Confio na memória, gravo tudo o que vejo, ouço, sinto e falo, mas no final nada tenho escrito.
Encontrei alguns poemas que escrevi, antigos, e é curioso ler com outros olhos, diferentes dos que os escreveram, mais claros. Poderia rasgar alguns, mas os poemas, o que escrevo, são como experiências vividas, são momentos gravados, fundo, vivi-os, escrevi-os.
Matéria
Quero deixar a matéria,
Que se aglomerem nas abóbadas centelhas de sorrisos
Palpitando a cada lua que passa.
Nas veredas de Inverno onde descansa num solstício
Mora o sonho de vaguear em todo o momento,
Porque tenho eu de ser corpo?
Sentimentos que se comprimem no meu peito
Fugindo à imensidão do vazio, da voz no escuro.
Sorrio apenas quando exausto me deito.
Na fria porta de saída aberta para tão alto muro,
Não cabem mais indagações à relatividade,
Nos escombros da carne crua e fria,
Mas do alto do nevoeiro que surge à madrugada
As canções que ouço são frutos,
E emergem em golfadas de água acetinada.
Estou preso numa masmorra fria e solitária,
Quero mover-me, mas o tecido tolda os movimentos.
Isto que chamam corpo é sólido,
As emoções que sou não envolvem o tudo
Pois crescem infinitamente desde sempre a nunca,
Tendem às ilações do sozinho fogo que abomina
E correm vagamente para fora da matéria
Que se ilumina.
Encontrei alguns poemas que escrevi, antigos, e é curioso ler com outros olhos, diferentes dos que os escreveram, mais claros. Poderia rasgar alguns, mas os poemas, o que escrevo, são como experiências vividas, são momentos gravados, fundo, vivi-os, escrevi-os.
Matéria
Quero deixar a matéria,
Que se aglomerem nas abóbadas centelhas de sorrisos
Palpitando a cada lua que passa.
Nas veredas de Inverno onde descansa num solstício
Mora o sonho de vaguear em todo o momento,
Porque tenho eu de ser corpo?
Sentimentos que se comprimem no meu peito
Fugindo à imensidão do vazio, da voz no escuro.
Sorrio apenas quando exausto me deito.
Na fria porta de saída aberta para tão alto muro,
Não cabem mais indagações à relatividade,
Nos escombros da carne crua e fria,
Mas do alto do nevoeiro que surge à madrugada
As canções que ouço são frutos,
E emergem em golfadas de água acetinada.
Estou preso numa masmorra fria e solitária,
Quero mover-me, mas o tecido tolda os movimentos.
Isto que chamam corpo é sólido,
As emoções que sou não envolvem o tudo
Pois crescem infinitamente desde sempre a nunca,
Tendem às ilações do sozinho fogo que abomina
E correm vagamente para fora da matéria
Que se ilumina.
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