Um café e uma nata

“ Um café e uma nata ” ou nova crónica na minha secção Crónicas do Nada no Correio do Porto . Enquanto miro os reflexos difusos na montra do café, fugindo às conversas fúteis do noticiário matutino, vejo-o chegar num imaculado verde trajado sobre um corpo adulto, numa mente infantilizada, virgem, onde não habitam as fraquezas de outros. Sopro a espuma da meia de leite, mais para disfarçar a atenção do que propriamente preparando-me para sorver o vício lácteo imiscuído entre o café, um pouco como eu e a fé. Quando a porta se abre, os sons pueris saltam da piscina e das toalhas à sombra prévia do Sol abrasador. A confusão assíncrona abafa o noticiário e, apesar do incómodo hertziano de ondas sonoras em diferentes timbres, sinto-me mais liberto da programação noticiosa (infecciosa?) e acabo por sorrir, escondido. Ao chegar ao balcão, a familiaridade da funcionária num português açucarado, atira um bom dia em forma de animado: – É um café e uma nata? – já com o produto pronto em band...