Vou dizer-te que a vida arrefece nas mãos. Tenho-a no fundo da concha que formei. Sinto sede, mas não sei beber. Nem viver. Vou dizer-te que a vida sente-se mais leve quando nos ajoelhamos perante o frio e, tremendo, ganho coragem e peço-lhe caminhos com palavras que sonhei escrever
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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