Outeiros
“Outeiros”. a crónica tresmalhada no Canal N . Nas viagens que se fazem pelo silêncio em nós sei-o nunca estarmos sós. Na neblina que se agita e nos cobre os pés de orvalho há todo um muro coberto de musgo ou as folhas de um carvalho. O cajado respeita-se pelo sustento, literal e metafórico, com que ordena o bastonário, a existência e as vidas, de olhos semi-cerrados, cercando o cercal em toada firme, não perdendo de vista a clareira onde o rebanho se torna como uma massa única de algodão doce, como nuvem a levitar no prado acinzentado de um verde que teima em não despontar. O respeito pelas profissões é urdido ao redor de um selo carimbado, os socalcos latinizados, o lacre de uma ruga que um casco selvagem de garrano gravou na face, os créditos de um labor que debita a cada dia, sem pudor, as gotas espessas de um esquecido e ostracizado suor. Pelos montes onde velejam náufragos de um mar ausente, no redemoinho do vento nas urzes paira a semente, o piscar das altas tor...