Tempestade
“Tempestade”, a minha crónica de uma tarde quente e abafada, no Canal N . As nuvens negras, azuladas, incutem uma certa apreensão devido ao ribombar lento que sobe a encosta e traz novos pedidos a Santa Bárbara. Percorre-se o olhar pela vinha e no coração surge o temor pelo que se avizinha. Pé ante pé escuta o borbulhar da vida nos verdes bagos fetais, crescem alheios à natureza ou à voz surda da reza, as mãos ondulam na folhagem, detêm-se aqui e além num cacho maior, mede-se o sonho na promessa de uma boa colheita, afasta-se o pesadelo da tempestade e sua maleita. O tempo foi sempre senhor de si mesmo, jamais ficou a dever a ele próprio uma estação, se não é agora é depois o tição. Caso o frio se arrolhe tardiamente, virá mais cedo o Verão. É isto, a vida, tudo se paga neste mundo. Ou no outro, mas de lá poucos retornam com as novas, ficamos por cá com as nossas sovas e eles, além, com o que aos dos céus lhes convém. O vento aligeira-se, a tarde inebria-se de uma bris...