Homem, casta de tristeza, espécie que tudo lesa
“Homem, casta de tristeza, espécie que tudo lesa”, crónica de Domingo na Bird Magazine . Os escombros estão a florir em cinzentas tardes, as partículas agremiam-se e fogem apavoradas em pó leve, castanho e ligeiro, como se chovesse solo em polvilho quando as calco inadvertidamente. [Até o pó que a terra come agora tem sentimento, alimentado pelo lamento.] Os restos da poda e da monda desbastada ao desbarato naqueles fracos braços de gente que, para sobreviver, ignorante, ruminante, sem o saberem de vida arfante, assassina com dó, mas sem piedade, no ritmo metalizado e etanolizado da serra motorizada, fazendo à máquina aquilo que as mãos não mecanizam: a industrialização da morte. [“Era isto ou outra sorte”, ouço]. Deixam para o fim o mais frondoso pinheiro onde, à sombra, pousam as garrafas de plástico com água mineralizada por uma terra que os há-de comer, um isqueiro vermelho, as luvas de borracha, o machado para o que se racha e o funil para dar de...