Eles Verão
Eles Verão , crónica do nada , no Correio do Porto . Faço questão que a vela ilumine o final de dia, perdeu a finalidade de me ajudar num certa hipnose oratória ou abstracionista, para passar a ser a recordação que mantenho de uma vida que não me lembro de ter vivido. A vantagem da luz, na minha escura opinião, é expurgar sombras que permaneciam a ondular à minha volta, projectando-as na parede à minha frente e assumindo, num desígnio que não entendo, um sentido de catarse e catálise, a dicotomia própria de uma vida abaixo de Deus. O dia ganha forma na rememoração dos episódios que julgava esquecidos, formas extensas em toda a extensão da parede, um pleonasmo da vida, viver depois de viver. É assim que vejo como se ainda conduzisse nesta remendada estrada nacional baptizada com um número, como se fosse ela, e nós, o fruto da atribuição de um algoritmo programada por um ser humano sem ritmo. Os paus, pedras, folhas e outras minisculanidades batem ofegantes na carroçaria. O soprador apre...