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A mostrar mensagens de dezembro, 2017

Infinitamente infinito

Crónica na Bird Magazine . Quando o frio surgiu, não havia ponta por onde pegar. A braseira repuxava o frio contra o tecto, o calor amainava o ânimo, mas ainda assim havia a esperança inocente de quem tenta ver no nada o infinitamente infinito. O cheiro a rabanadas era complementado com o barulho do refugar na frigideira, o pousar dos pratos no mármore manchado e o arrastar da mesa para tirar um banco e pendurar, às escondidas, uma pinha de chocolate no pinheirinho, enquanto a criança se entretém no chão da sala, a tecer finas teias de número em número, até encontrar a figura final. Sabia a Natal. De vez em quando a porta da cozinha é aberta, apura-se o ouvido e olha-se para o relógio, deve ser horas do comboio chegar.  - Já chegou mãe? A Maria deste presépio sorri, engole a ânsia, volta para dentro e vai ter com o filho, ainda no chão da sala, agora a fazer dos pequenos tacos de madeira pequenas elevações por onde brinca com o carrinho imaculadamente pobre, passa as mãos no a...

Até já!

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Crónica do Nada , no Correio do Porto , porque a vida é sempre um até já (ou daqui a ontem). O balcão tem alguns pontos um pouco pegajosos, talvez do hábito de rasparem o platinado que separa a sorte do azar, dos fundos dos copos de fino ou dos sujos. A mão grande, calosa, seivosa, aberta como uma ruga imensa no negro granito, bate uma única vez como o vociferado pregão, respeitoso e respeitador. Eu tomava o café sem pressas, virando-me lentamente como se algo na televisão me interessasse, apenas para os ver. A dupla septuagenária com setentas dos antigos, onde os anos curvados valiam como uma arrastada enxada no final da tarde, quando as leiras se recolhiam e os repolhos aspiravam o fresco final do dia e do postigo, ao longe, se ouvia o debulhado chamado da patroa, aquecido pelo caldo de nabos (e aqui a ficção recolhe-se para dar passagem à degustação do cronicador). Setenta destes valem-me oitenta no tempo quente e um centenário fresco nas tarde curtas do Inverno. A bo...
Entre a vida e as oitavas quem te conduz? Que braço oscila pendendo entre o iluminado e a luz? Uma nota acima entre o passado e o futuro, quem te canta? quem te rima? Vai pautando, sorriso em cara cheia, nos intrínsecos de um coreto brando a placidez de uma nota que se quer ameia. Vai, caminhando, partindo, chegando enfim, a existência não ascende é esta espécie de colcheia que pende, pedindo, o conceito inacabado que a conduza fora dos limites do limbo.