Que lamento o meu de mil anos não trazer numa só vida, para, por meu próprio pé, ser caminho dentro da própria estrada, ser vento ascendente que eleva uma águia planada, o calor nas gretas de uns lábios descolorados, o frio que se torna amigo do fogo que adormece a lareira, ser pelourinho móvel de um fio de água, estar onde nunca chegarei, sem eira, nem beira. Concede-me a vida, ou deus, golfadas de idade que transformo em manhã, sem recordar os passeios noutras pernas cada um a cor única de minhas cãs.
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A mostrar mensagens de julho, 2012
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Ambulanteio-me em ofícios que não me nasceram, entre montes em que arreio-me faço das mãos utensílios onde goivas serpenteiam ao cimo dum cerne, freixo ou oliveira, mas é dos cardos meu cardume o Sol que vai lambendo terra como quem se lava e desta terra quente onde planície é toda cume o restolho é temperado com suor, aqui não se sobrevive respira-se bem cá ao fundo o amor.
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É aqui mais perto das estrelas onde me chamo lar, àquele que esqueci por me lembrar de mim deixo parte da vida a soluçar. As palavras que cultivei são como eu, semente sem fruto, ideia em árvore seca que ardeu, porque de mim, silêncio, alvo que aumenta a cada leito dos passos na noite ajardinada, onde me condenam, me salvo para soçobrar vitorioso sobre uma espada.