Que lamento o meu de mil anos não trazer numa só vida, para, por meu próprio pé, ser caminho dentro da própria estrada, ser vento ascendente que eleva uma águia planada, o calor nas gretas de uns lábios descolorados, o frio que se torna amigo do fogo que adormece a lareira, ser pelourinho móvel de um fio de água, estar onde nunca chegarei, sem eira, nem beira. Concede-me a vida, ou deus, golfadas de idade que transformo em manhã, sem recordar os passeios noutras pernas cada um a cor única de minhas cãs.
Mensagens
A mostrar mensagens de julho, 2012
- Obter link
- X
- Outras aplicações
Ambulanteio-me em ofícios que não me nasceram, entre montes em que arreio-me faço das mãos utensílios onde goivas serpenteiam ao cimo dum cerne, freixo ou oliveira, mas é dos cardos meu cardume o Sol que vai lambendo terra como quem se lava e desta terra quente onde planície é toda cume o restolho é temperado com suor, aqui não se sobrevive respira-se bem cá ao fundo o amor.
- Obter link
- X
- Outras aplicações
É aqui mais perto das estrelas onde me chamo lar, àquele que esqueci por me lembrar de mim deixo parte da vida a soluçar. As palavras que cultivei são como eu, semente sem fruto, ideia em árvore seca que ardeu, porque de mim, silêncio, alvo que aumenta a cada leito dos passos na noite ajardinada, onde me condenam, me salvo para soçobrar vitorioso sobre uma espada.
- Obter link
- X
- Outras aplicações
Os domingos colorem-se, na ausência das vicissitudes profissionais, pessoais e existenciais, de vários sonhos que me alimentam desde que, bem, desde que me conheço. Convido-te a afastares o portão, feito de cordas bamboleantes, que servem apenas para assinalar o local onde começa a privacidade. Construí-o há énios, entre vi(n)das e partidas, como o sítio onde começa a vi(n)da e termina a ausência. Vais encontrar um pequeno caminho, aqui e ali com pedras toscas no chão, mas na essência feito com gravilha, cascalho e alguns pedaços de pele de crianças que se atropelam enquanto tentam voar como borboletas. Não te sei dizer como vim aqui parar. Creio que foi o cansaço e aventura, mas és bem vindo(a), traz-te e também os teus sonhos. Escolhe um local, escava um caminho, acomoda-te e faz de ti o que sabes ser, não o que te ensinaram, mas o que aprendeste. O caminho segue por entre clareiras e para por momentos, tu, não o caminho, debaixo de carvalhos. De noite tudo se ilumina, maravilhas da...